segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A paróquia na visão do pastor

Duas semanas depois de tomar posse como novo bispo diocesano de Campos, Dom Roberto Francisco Ferreria Paes fez, em 13 de agosto, sua primeira visita à quase paróquia de São Vicente de Paulo. A visita foi marcada na véspera, mas o povo se mobilizou e encheu a igreja para uma recepção calorosa ao novo pastor. No final da celebração, Dom Roberto foi apresentado às pastorais, às comunidades e ganhou presentes e uma mensagem. Após a Missa, concedeu esta rápida entrevista ao informativo ‘A Voz de São Vicente’, onde fala sobre o que se deve esperar de uma verdadeira paróquia. Legítimo sucessor dos apóstolos, Dom Roberto diz que se identifica com o apóstolo Mateus. Leia a entrevista, que reproduzimos no Blog da Quase Paróquia de São Vicente de Paulo:   

A Voz de São Vicente: O senhor sabe que aqui é uma ‘quase paróquia’, no sentido jurídico do termo. Certamente teremos uma caminhada para nos tornamos definitivamente uma paróquia. Mas, esquecendo um pouco o lado jurídico e formal e pensando no sentido pastoral, como deve ser uma autêntica paróquia?

Dom Roberto Ferreria: Uma paróquia é uma comunidade viva, que tem todos os serviços essenciais que lhe são próprios. Uma paróquia, você sabe, tem três grandes ministérios: o ministério da Palavra, isto é, o ministério da iniciação à vida cristã pela educação da fé; o ministério da santidade, ou seja, a comunicação da graça pelos sacramentos; e o ministério pastoral, que é a tarefa de reger no amor e conduzir uma só grei através de diversos grupos. Falo aqui do ministério da unidade, fazendo com que esta paróquia não seja um conjunto de pastorais, mas trabalhe organicamente.

A Voz de São Vicente: O que mais deve caracterizar essa paróquia?

Dom Roberto Ferreria: São várias coisas que devem ter numa paróquia. Primeiro um povo, uma parcela delimitada, mas organizada em pastorais que tenham consistência. É preciso que a pessoa cristã encontre na paróquia tudo aquilo que precisa para viver e crescer na fé, como um verdadeiro apóstolo de Cristo hoje. Essa paróquia deve ser forte, descentralizada e missionária. E deve trabalhar em rede com as outras paróquias, porque a gente nunca pode isolar uma paróquia do conjunto. Uma paróquia que fica isolada morre.

A Voz de São Vicente: Que impressão o senhor leva deste primeiro contato com o ambiente da futura paróquia de São Vicente de Paulo?

Dom Roberto Ferreria: A gente vê aqui todas as circunstâncias favoráveis, os elementos constitutivos de uma paróquia. O quase pároco está com muita liderança. Já tomei conhecimento das pastorais – são elas que em geral estruturam o trabalho de uma paróquia. Há ainda um povo que responde. Já há uma receita para dar sustentabilidade a essa paróquia, então acredito que neste ano já poderemos dar uma resposta positiva para erigir esta comunidade em paróquia.

A Voz de São Vicente: Como o senhor acha que nós aqui devemos nos relacionar com outras igrejas cristãs presentes no mesmo território?

Dom Roberto Ferreria: Bom, o que o Evangelho de hoje nos proporcionou? Devemos agir sempre com o diálogo e o respeito. Nós não estamos em guerra, eles são nossos irmãos, e por isso mesmo nós não podemos agir talvez como alguns deles às vezes agem, com proselitismo, ou às vezes até denegrindo a imagem da nossa Igreja. Nós nunca vamos falar mal deles. Nós não concorremos com eles. Eles também são filhos do mesmo Pai. Então, chamamos a dialogar, chamamos a rezar juntos, chamamos a um trabalho ecumênico.

A Voz de São Vicente: Uma última pergunta, se nos permite. O senhor foi ordenado bispo numa linha de sucessão apostólica, de maneira que se formos ver todos os seus antecessores chegaremos a algum dos apóstolos escolhidos diretamente por Cristo. Por acaso o senhor se identifica mais especialmente com algum dos apóstolos da Igreja primitiva?

Dom Roberto Ferreria: Na verdade, nós bispos herdamos de todo o colégio apostólico, e não de um apóstolo em especial. Mas eu gostaria de me assemelhar ao apóstolo Mateus.

A Voz de São Vicente: Por quê?

Dom Roberto Ferreria: Primeiro, porque ele é o apóstolo da conversão. Mateus é o apóstolo que soube formar igreja e o apóstolo que fez a ligação entre os judeus e os cristãos. Eu gosto muito dos irmãos judeus, me sinto muito grato para com eles, como Paulo hoje na leitura.

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